Meu Estúdio Maravilhoso
O Segredo do Alfaiate
Quarta-feira, Dezembro 8, 2021

Narração: A nossa história começa muito tempo atrás nas ruas de Helsinque na Finlândia. Era inverno, e, como sempre em Helsinque fazia muito frio. O Sol mostrava a sua luz apenas algumas horas por dia. Artesãos trabalhavam em suas oficinas aconchegantes, aquecidas pelo fogo nas lareiras. As mulheres só saíam das suas cozinhas quentinhas para fazerem compras rápidas nas lojas.

Menino: Olha aquele velho, mamãe. Ele está procurando algo no latão do lixo.

Mãe: Sim querido. É o pobre e velho Noel. É triste a história dele. Ele já foi o melhor alfaiate da cidade. Mas agora quase não dá para reconhecê-lo, com suas roupas esfarrapadas e barba branca emaranhada.

Menino: Podemos ajudá-lo?

Mãe: Creio que não, querido. Desde que sua esposa e dois filhos morreram numa epidemia ele parou de trabalhar e desistiu da vida. Não aceita que ninguém o ajude. Agora ele vagueia sem rumo pelas ruas das cidades, cabisbaixo, vasculhando as latas de lixo para encontrar algo para comer. Venha querido, está ficando escuro. Precisamos voltar para casa.

Narração: Ao anoitecer, Noel voltava para sua oficina fria e vazia aonde, após comer qualquer comida que havia encontrado, se deitava no seu colchão, com um peso no peito de desespero.

Noel: Oh Deus, me sinto tão sozinho. Sem a minha esposa e filhos, será que vale a pena continuar vivendo?

Narração: Mas o Noel não estava só. Naquele exato momento Gertrudes, a sua falecida esposa, e seus filhos olhavam para ele lá do céu.

Criança 1: Coitadinho do papai. Ele sente tanto a nossa falta.

Criança 2: Vamos tentar ajudá-lo.

Mãe: Tenho tentado sussurrar palavras de amor e encorajamento para ele, mas o seu coração está tão partido que ele não consegue me ouvir.

Criança 1: Mas mamãe, temos que fazer algo para ajudar o papai.

Mãe: Olha, tenho rogado muitas vezes pela sanidade do seu pai diante do trono de Deus, e Ele sempre me consola.

Criança 1: E o que Deus lhe disse?

Mãe: Meu querido, Deus me prometeu que na hora certa, um raio de luz , esperança e de um novo propósito atravessará as nuvens negras que pairam sobre o coração do seu pai. No momento em que ele deixar de olhar para o seu próprio pesar e vir as necessidades dos outros, Deus fará um milagre na vida dele.

Narração: Fazia muito frio durante o inverno em Helsinque e só as crianças pareciam se aventurar além de uns poucos quarteirões. Onde quer que morassem, parecia que nunca era longe demais para irem até a “Rua das Crianças”, onde os renomados fabricantes de brinquedos da cidade criavam a sua magia. Havia vitrines sem fim repletas de brinquedos que encantavam os olhos das crianças e as deixavam fascinadas!

Noel: Olha só aquelas crianças! Elas me lembram os meus dois filhos. Eles eram tão doces. Nos divertimos muito juntos. Se apenas estivessem vivos.

Narração: Um dia, Noel reparou num garotinho com roupas tão maltrapilhas como as suas olhando as vitrines de brinquedos. Do mundo invisível do espírito, Gertrudes, sua esposa, sussurrou em seu coração.

Gertrudes: Noel, Noel. Aquele menininho precisa de você.

Noel: Olá garotinho! Por que está chorando?

Menininho: Porque sou muito pobre, senhor. Nunca vou saber o que é ter brinquedos tão bons como estes.

Narração: Noel começou a chorar, mas pela primeira vez em muito tempo, não chorava por si mesmo. Derramava lágrimas por um garotinho e centenas de outras crianças pobres como ele. Noel prosseguiu seu caminho, mas a imagem do menino não lhe saía da cabeça.

Narração: Sem nem pensar por onde andava, Noel de repente se viu num pequeno barranco nos arredores da cidade, onde as pessoas jogavam lixo e bugigangas.

Noel: Não sei por que, mas pela primeira vez em muito tempo eu me sinto feliz e com esperança. Minha nossa! Olhe para isso! Tem vários brinquedos quebrados aqui que alguém jogou fora. Aquela boneca de madeira está despedaçada e sem vida, mas....

Gertrudes: Pegue os pedaços! Conserte esta boneca, Noel.

Noel: Aaã? Será que foi a minha imaginação? Ou aquela boneca abriu mesmo os olhos e olhou para mim?

Boneca: Obrigada por me dar vida novamente.

Noel: De nada. Espere um pouco! O que estou fazendo? Estou falando com uma boneca! Devo estar ficando maluco.

Narração: Noel jogou a boneca de volta no lixo, mas foi imediatamente tomado por uma grande tristeza. Quando pegou de novo a boneca, voltou a ficar feliz.

Noel: Que estranho! Oh, veja, tem um ursinho sem braço. Como seria bom se estes brinquedos quebrados pudessem ser consertados e dados às crianças de famílias pobres, como aquele menino que vi hoje. Mas o que posso fazer? Não passo de um velho falido, e não tenho os materiais para isso ... não tenho agulha nem linha, nem pano para consertá-los!

Gertrudes: Com Deus não há nada impossível. E onde Deus guia, Ele providencia! Dê mais uma olhada!

Noel: Talvez se eu der uma olhada, encontre algo nestas pilhas de bugiganga espalhadas por aqui. Ha, um velho caixote de madeira. Parece não valer nada, mas vamos ver o que tem dentro. Nossa! Está cheio de ferramentas! Tudo que preciso para o trabalho! Tem um jogo de todos os tamanhos de agulhas de costura e linhas de muitas cores. As ferramentas estão velhas e um pouco enferrujadas, claro, mas posso lixá-las e afiá-las e ficariam tão boas como se fossem novas.

Narração: No céu, Gertrudes e todos os que o estavam ajudando pularam de alegria.

Gertrudes: A promessa de Deus está se realizando!

Narração: Noel não perdeu um minuto. Nos dias seguintes recolheu brinquedos quebrados e verificou ou perguntou discretamente onde morava cada criança carente da cidade. Ele anotou essas informações numa caderneta. E assim, passou muitos dias consertando, remendando, colando e estufando brinquedos.

Noel: O Natal é daqui a poucos dias e as crianças das famílias pobres precisam ganhar os seus brinquedos. Como eu quero que todas elas fiquem felizes.

Narração: Noel sentia-se maravilhosamente bem. Na véspera de Natal, havia sete sacos grandes, cheios de lindos brinquedos no chão da sua alfaiataria. Todas as crianças que figuravam na sua caderneta ganhariam um presente.

Noel: Mas como vou distribuí-los para as crianças? É melhor que elas não saibam que fui eu quem lhes deu os brinquedos, pois na verdade são presentes de amor do próprio Deus.

Gertrudes: Noel, vista um disfarce e distribua os brinquedos de noite.

Noel: Sim, sim! À meia-noite vou colocar os sacos de brinquedos no grande trenó, que eu antes usava para levar os meus filhos.

Narração: E foi o que fez. A carga de brinquedos era pesada e ele, com dificuldade, puxava o trenó pela neve. Lá foi ele pelas ruas, deixando embrulhos à porta de cada casa onde morava uma família pobre. Em cada embrulho havia um brinquedo para a criança ou crianças que moravam lá, acompanhado por um bilhetinho que dizia: “Para você, com amor, de Deus nosso Senhor.”

Narração: E finalmente o seu coração encontrou paz. Na manhã de Natal, os pobres da cidade acordaram com uma grande surpresa.

Pai: Olha só! Brinquedos para as crianças! Graças a Deus! É um milagre.

Menino: Puxa vida! Brinquedos! É um milagre!

Mãe: Eu não sei o que pensar! Mas estou tão contente de ver as crianças felizes.

Menininho: Estes presentes vieram do céu!

Menino maior: Ouvi alguém dizer que viram um velhinho todo coberto de neve distribuindo os pacotes.

Menina: Me contaram que viram um trenó misterioso cheio de sacos grandes.

Narrativa: A história foi aumentando tanto até que disseram que foi um trenó, puxado por renas, que desceu do céu. Assim nasceu a lenda do Papai Noel. E grande parte desta história é verdade. Havia um velhinho, coberto de neve, e havia um trenó, cheio de sacos. E sim, de certa forma vieram do céu, pois com toda certeza Deus estava por trás da coisa toda.

Narrativa: Noel passou o ano seguinte recolhendo e arrumando brinquedos quebrados sem que ninguém visse. Isso o fazia feliz. E quando chegou o Natal de novo, Noel mais uma vez fez o seu percurso secreto e entregou os brinquedos a todas as crianças pobres.

Narrativa: E então, exausto depois de uma longa noite de trabalho, Noel faleceu bem cedinho no silêncio da manhã de Natal. A maioria das pessoas da cidade não notou que ele tinha partido, mas houve uma grande festa no lugar para onde ele foi! Noel se reuniu com sua esposa e filhos, e o céu inteiro se regozijou.

Gertrudes: Oh, Noel, me sinto tão orgulhosa de você.

Narrativa: Deus lhe disse:

Deus: O que você fez foi maravilhoso, mas isso não precisa acabar. Todas as crianças precisam sentir o Meu amor. Você Me ajudaria a dar-lhes este amor?

Narrativa: Noel estava feliz como nunca imaginara ser possível. Começou a fazer tudo que podia para ajudar as crianças no mundo inteiro, sussurrando no coração delas e encorajando-as da mesma forma que Gertrudes tinha feito para ele. E que alegria o inundava quando as crianças abriam o coração para o amor de Deus e suas vidas ficavam mais felizes.

Fim
Adaptado de Um Natal Inesquecível de Derek e Michelle Brookes. Ilustrado por Hugo Westphal; colorido por Ana Fields.
Copyright © 2001 por Aurora Production AG, Switzerland. Todos os direitos reservados.
Áudio produzido por Radio Active Productions. Usado com permissão.
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Tagged: áudio, histórias infantis, natal, generosidade