Meu Estúdio Maravilhoso
O Anjo e os Presentes
Quarta-feira, Dezembro 12, 2018

Estou tomando um chocolate quente e montando um castelo de Legos com o Breno, meu primo e amigão. Meus pais me deram este castelo no Natal. Eu fiquei tão feliz com o presente que plantei bananeira e quase derrubei a árvore de Natal. Abrir os presentes de Natal é a melhor coisa de todas, o que me faz lembrar de uma história.

Eu jamais esquecerei este Natal. Tudo começou no primeiro dia de dezembro.

Vi pela primeira vez um anjo de verdade! Ela era exatamente como os que se veem em livros, com uma túnica lindíssima, e umas asas grandes e majestosas.

Estava escovando os dentes, quando ela apareceu no espelho por cima da pia. Dei meia volta, e ali estava ela, sorrindo e com uma aparência angélica.

“Oi,” disse ela numa voz mansa e sussurrante.

“Ah...,” foi tudo que consegui responder.

“Bruno”, (a propósito, esse é o meu nome) —“fui enviada do Céu com uma missão de Natal para você.” Ela fez uma pausa, mas como eu não disse nada, continuou.

“Estamos preparando uma apresentação de Natal especial para Jesus este ano no Céu, com os presentes das crianças. E gostaríamos que nos ajudasse.

“Você vai precisar recolher todos os presentes que as crianças da sua família e seu primo Breno querem oferecer a Jesus, fazer uma lista deles, e apresentá-los a Jesus no Natal. É claro que isso também inclui os seus presentes para Jesus.”

Eu fiquei bem entusiasmado com essa incumbência, mas só tinha um problema. “Como é que vou reunir os presentes, quando os presentes que nós damos para Jesus nem sempre são palpáveis?”

O anjo me deu uma caneta dourada, um bloco de notas, e uma chave pendurada num fio de couro. “A única coisa que você tem que fazer”, explicou ela, “é escrever neste bloco de notas os presentes que você vir as crianças darem para Jesus, e eles irão direto para uma sala especial para presentes. Se quiser ‘ver’ os presentes, basta segurar a chave na mão e fechar os olhos. Você será transportado para a sala dos presentes onde poderá ver os presentes que juntou.

“Então? Quer fazer isso para nós?”

Agora, pensando bem, vejo todas as maneiras como poderia ter respondido que sim, como, por exemplo “Será uma honra” ou “Claro que sim”, ou “Pode crer!” ou “A minha alma glorifica ao Senhor”, como Maria disse na Bíblia. Mas em vez disso, ainda meio surpreso com a aparição do anjo, eu só balancei a cabeça afirmativamente.

O anjo sorriu para mim. “Nós nos veremos no Dia de Natal,” disse. E depois sumiu.

Eu senti um formigamento até à ponta dos pés. Coloquei a chave ao redor do pescoço, pus o bloco de notas e a caneta dentro do bolso, e me fui deitar. No dia seguinte, quando acordei, por alguns momentos esqueci do anjo e da incumbência que havia recebido, mas voltei a lembrar quando estava me vestindo para o dia. Corri para pegar o pijama e olhei nos bolsos ... A caneta e o bloco de notas tinham sumido! Comecei a ficar preocupado, mas sem pensar coloquei a mão no bolso da minha calça jeans, e vi que a caneta e o bloco de notas já se encontravam lá. Mais tarde, descobri que sempre que trocava de roupa, a caneta e o bloquinho sempre apareciam em um dos bolsos.

Comecei a fazer a minha lista de Natal naquela manhã. Vou lhes mostrar a primeira página.

Lista de Presentes para Jesus

Alicia (7 anos):

  • Presente de abraços: 30 abraços hoje, 18 para familiares e amigos, 9 para o gato e 3 para o hamster.
  • Presente de música: O CD Sing with Angels inteiro e “Rudolf the Red-Nosed Reindeer.” (Será que isso conta?)

Bruno (9 anos):

  • Presente de abraços: Dez abraços
  • Presente de dar: Deixar Breno pegar o pedaço maior de frango frito da travessa.
  • Presente de rir: Grande luta de fazer cócegas com meu irmão mais velho e Breno.

Breno (9 anos):

  • Presente de abraços: Dez abraços.
  • Presente de fraternidade: Ele me emprestou sua melhor nave especial de legos para eu brincar no final de semana.
  • Presente de riso: Ver acima.

Lisa (3 anos):

  • Presente de alegria: Hoje ela estava super feliz
  • Presente de música: Tocou a canção “Little Drummer Boy” com seu tambor de brinquedo a noite inteira.

Foi assim que comecei, e naquela noite deitei na minha cama, segurei bem a chave e fechei os olhos. Vi uma grande sala. O teto e as paredes eram de painéis de madeira, e tinha o cheiro de uma floresta de cedro. Tinha um tapete fofinho no chão. Era uma sala aconchegante e bem iluminada pela luz que emanava de todos os presentes. Tinha uma pilha de presentes em cada canto da sala, e aos pés de cada uma, embutido no tapete o nome “Alicia”, “Breno”, “Bruno” e “Lisa”.

Havia todo tipo de presentes naquela sala. Alguns encontravam-se em caixas, outros embrulhados em papel e com um laço de fita. Alguns papéis e caixas eram brilhantes, e outros com desenhos. Pensei, Uáu! Será que até o Natal vamos conseguir encher a sala?

Nos finais de semana saímos várias vezes para espalhar a alegria de Natal. Apresentamos músicas e danças em hotéis, salas de concerto, orfanatos e lar de idosos. Eu passei muito tempo escrevendo no meu bloquinho, e cada noite visitava a sala onde os presentes eram guardados. As pilhas de presentes estavam crescendo, mas a sala também aumentava cada vez mais, de forma que havia sempre mais espaço.

Depois de uma semana, comecei a ver que presentes correspondiam ao quê.

  • Os presentes de abraços geralmente eram macios e calorosos quando se tocava neles, como almofadinhas.
  • O presente do riso era meio embaralhado e na realidade me mexiam.
  • Os presentes de música balançavam de um lado para o outro, e estavam sempre embrulhados em três ou quatro cores.
  • Os presentes de pessoas que passaram a conhecer Jesus, que no meio de dezembro já constituíam uma grande pilha, eram de um branco imaculado, com fitas douradas e brilhavam muito.
  • Tinha alguns que eu não sabia o que eram, mas eram todos lindos! Eu tinha certeza que o anjo ficaria feliz quando visse todos os presentes que tínhamos para oferecer a Jesus este ano.

Apesar de ser muito lindo ver todos aqueles presentes, tinha algo que me impedia de ser completamente feliz. Eu tentava não pensar nisso, mas na última semana antes do Natal, fiquei cada vez mais irrequieto.

A primeira parte do meu problema era a seguinte:

Alicia tinha, de longe, o maior número de presentes de pessoas a quem tinha falado de Jesus. Não entendo por que, mas quando ela sorri para as pessoas e diz como está feliz de ter Jesus como seu melhor amigo, elas quase sempre ficam muito atentas. Acho que no final, ela tinha umas centenas desses presentes. Sua pilha de presentes era de um branco ofuscante.

E depois tinha Breno. Sua pilha de presentes estava quase viva, de tantos presentes coloridos que pulavam, porque ele estava sempre sorrindo e fazendo outras pessoas rirem. Quando se apresentava, ele cantava muito bem, e as pessoas choravam de alegria. E ele está sempre fazendo e dando cartões e desenhos. Ele realmente sabe como alegrar as pessoas. Sua pilha de presentes parecia uma montanha de luzes de Natal dançantes.

Eu dizia para mim mesmo que não devia me comparar. No final das contas, eram todos presentes para Jesus! Eu provavelmente não me preocuparia se não parecesse haver algo terrivelmente errado com a minha pilha de presentes. Reparei nisso depois da segunda semana. Junto com os presentes brancos das pessoas que vieram a conhecer Jesus, e os loucos presentes de riso e os presentes fofinhos dos abraços, a minha pilha tinha presentes marrons. Eram de papel pardo, de embrulho, amarrados com barbante.

À medida que o Natal se aproximava, eu me esforcei para falar de Jesus para mais pessoas, e fazer mais pessoas felizes, mas parecia mais fácil para Alicia do que para mim falar de Jesus para as pessoas, e Breno sempre cantava melhor. Cada noite, quando eu olhava os presentes, tinha ainda mais embrulhos de papel pardo na minha pilha. Eu ia para a cama orando muito para poder dar melhores presentes para Jesus no dia seguinte, mas o quadro não mudava. Não entendia porque os meus presentes eram tão simples.

No fim do dia de Natal, eu estava cabisbaixo. Naquela noite, deitei na minha cama, agarrei a chave e fechei os olhos. Tinha tomado uma decisão. Ia pedir ao anjo para dar os presentes para Jesus em vez de mim. Achava que não ia ser capaz de Lhe dar os presentes com tantos daqueles embrulhos pardos sem vida na minha pilha.

Vi a sala dos presentes com o anjo no meio, voando e olhando todos os presentes.

“Feliz Natal, Bruno,” disse ela. “Chegou a hora de você dar seus presentes.”

“Espere. Eu...…” Como de costume, não consegui encontrar palavras para me expressar. Ela esperou pacientemente. “Você acha que... poderia entregar os presentes a Jesus em vez de mim? É que,” disse, dirigindo-me para a minha pilha de presentes, “eles parecem bem simples e sem graça, não é?”

O anjo olhou para a minha pilha, “Bruno, você sabe o que são aqueles presentes pardos?”

“Não,” respondi. “Não consigo enquadrá-los em nada da minha lista.”

“Sabe,” disse o anjo, “Eu tenho a minha própria lista. Você foi super cuidadoso para não deixar de anotar nenhum dos presentes que seus amigos deram a Jesus, e anotou seus presentes de pessoas ganhas para Jesus e riso. Mas esqueceu de anotar alguns presentes muito importantes que você deu.”

“Mas, por que esses presentes são assim?” perguntei.

“São os que você não anotou, mas eu não queria que fossem esquecidos. Venha, vou deixar você dar uma olhadinha antes de entregá-los.”

Ela me entregou uma lista na qual dizia o seguinte:

Presentes surpresa de Bruno para Jesus:

  • Um mês escrevendo fiel e honestamente a lista de presentes.
  • Um mês ajudando Alicia quase diariamente a encontrar sua bolsa para as apresentações.
  • Um mês deixando Breno sentar na janela da van nos dias de apresentações.
  • Um mês ajudando Lisa a servir seu prato na hora das refeições.
  • Um mês… …

A lista continuava. Enquanto a lia eu olhada para a pilha e podia ver os presentes através do papel pardos. Eles eram... bem, eram... incríveis!

Virei-me para o anjo, “Acho que, no final das contas, eu posso entregá-los.”

“Também acho,” disse o anjo.

Ali na frente do trono de Jesus, segurando o papel na frente do rosto, gaguejei, “Feliz aniversário, Jesus! Eu O presenteio com os presentes das crianças da família Santos.”

Não posso lhes dizer o que aconteceu depois, porque tem a ver com chorar e felicidade e esse tipo de coisas embaraçosas, mas agora vocês entendem porque eu disse que este Natal foi tão inesquecível.

Dar esses presentes a Jesus foi ainda melhor do que o castelo de Lego e o chocolate quente que vieram depois... mas eles estavam muito bons também.

Autoria de Yoko Matsuoka. Ilustrado por Jan McRae e Sandra Reign. Design de Roy Evans.
Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2018 por A Família Internacional
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Tagged: histórias infantis, natal, generosidade